Meu Cantinho

quinta-feira, outubro 29, 2009

Alfabetizar conscientizando

Como já disse e escreveu Paulo Freire “A leitura do mundo precede a leitura da palavra, a gente lê o mundo à medida que o interpreta”, e isso acontece há muito tempo, antes mesmo do surgimento da escrita, os homens inicialmente interpretaram o seu próprio contexto para então inventarem e lerem a palavra, comunicando-se através dela no seu mundo.
Os alunos, antes mesmo de ingressarem em uma instituição de ensino já fazem a leitura do seu próprio mundo, a escola que “alfabetiza conscientizando”, como nos traz Frei Beto, além de considerar esta leitura, deve ampliá-la através do processo educativo, o qual se torna efetivamente significativo aos educandos com temas que dêem sentido à sua aprendizagem, que sejam um motivo para esse processo e fecundem a proposta, mobilizando os alunos a construírem e produzirem o seu conhecimento.
Paulo Freire propôs que este trabalho fosse efetivado através dos temas geradores, os quais seriam temas que sugerissem “situações de vida comuns e significativas para os integrantes da comunidade em que se atua”, por exemplo, a frase “Ivo viu a uva” só será significativa aos alunos se estes estiverem naquele contexto de “ver a uva” e problematizar, criticar este contexto: Onde está essa uva? Ela vem de onde? Ela é resultado do meu trabalho? Afinal, o que é trabalho? Quem ganha com o meu trabalho? Por que eu, que colho as uvas recebo menos que aqueles outros que a revendem? Enfim, inúmeros podem ser os questionamentos a partir desta frase e todos eles precedem a leitura da frase.
O método proposto por Paulo Freire faz com que o educando torne-se um sujeito histórico sonhador, crítico, questionador, reflexivo, que lê o seu mundo, e a partir desta leitura transforma a sua realidade, e não se vê mais como uma pessoa ignorante e incapaz, mas adquire auto-estima para levantar a cabeça e seguir em frente lendo as palavras do seu mundo e de outros mundos
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