O filme “O Menino Selvagem” relata a história de um menino de aproximadamente 12 anos, que foi abandonado na selva por seus pais, quando tinha aproximadamente 4 anos. Como cresceu e viveu, muitos anos na floresta, adquiriu assim hábitos selvagens. Ele caminhava utilizando os pés e as mãos, não falava, emitia grunidos, coçava a cabeça e o corpo como os animais, etc.
Certo dia foi encontrado por uma camponesa que o levou para casa,onde foi motivo de curiosidade das pessoas. Logo foi levado para a cidade em uma escola para surdo-mudo, continuando sendo alvo de gozações e piadas, sofrendo discriminação de crianças e adultos. Todos queriam conhecer o menino selvagem, um animal em forma humana, uma pessoa considerada doente, anormal.
Quando o caso chega aos ouvidos do professor Itard, este acredita que pode tratar o menino, determinando o grau de inteligência, já que este viveu muitos anos longe da civilização, ou seja afastado do convívio social, do convívio com seres humanos, da sua espécie.
Como era maltratado na escola de surdo-mudo, pelas crianças e explorado pelos guardas, os professores Itard e Pinel decidiram retira-lo da instituição, porque para Pinel, Victor, como foi chamado, não passava de um idiota, como as pessoas diferentes, com alguma deficiência, eram chamadas naquela época. Pinel sugeriu que o menino fosse levado para uma instituição que tratasse de deficientes mentais.
Já Itard acreditava que o menino não era idiota, apenas uma criança que não teve a mesma sorte de outras pessoas, foi abandonada em uma floresta, sendo desprovido da convivência com pessoas, ditas normais, adquirindo assim hábitos selvagens. Acreditava que Victor pudesse ser educado, “domenticado”, ou seja que tinha condições de aprender a falar, andar e agir como uma pessoa normal.
Ao chegar em sua casa, Itard conta com a ajuda de sua governanta que trata o garoto com carinho e ternura. Nesse momento começa o grande desafio para o professor Itard, o processo de aprendizagem do garoto Victor. Itard insistia para que Victor repetisse as palavras, letras e frases. Mostrava um copo de leite e o fazia repetir. Analisando esta cena, onde o menino era obrigado a repetir certas palavras, sem o uso de sinais, comparo com os textos lidos, onde surdos ao longo de sua história, tinham dificuldades em se comunicar com as pessoas, pois estas acreditavam na comunicação através da fala, e não pensavam em sinais e gestos. Lembro aqui do filme “Seu nome é Jonas” onde Jonas também encontrou muita dificuldade e preconceito das pessoas, onde não o entendiam. Até o momento que ele e sua mãe começaram a aprender a língua de sinais e passaram a se comunicar tranqüilamente com outras pessoas.
Podemos dizer que atualmente as pessoas surdas são mais respeitadas, possuem os mesmos direitos das pessoas ouvintes, o que não acontecia na Idade Média,onde os surdos eram proibidos de receber herança, de votar e até de receber comunhão. Hoje em dia ainda encontramos, infelizmente, preconceito com pessoas com alguma deficiência.
Voltando ao filme, Itard usava métodos muito rígidos em relação aos dias de hoje, talvez eficaz para aquela época, mas para os dias de hoje não. Perdia a paciência freqüentemente com o menino, quando este errava algo,trancando-o em um quarto escuro, não levando em consideração seu convívio anterior, sua vivência. Queria a qualquer modo educa-lo e traze-lo ao convivo social. Itard obteve muitos progressos, pois não desistiu de seu objetivo e conseguiu por exemplo que o menino andasse como uma pessoa normal, balbuciasse algumas palavras, demonstrando seu desenvolvimento moral e intelectual.
Itard acreditou que poderia ajudar o menino e com muita luta, esforço e perseverança conseguiu que o garoto tivesse seus progressos e convivesse em uma sociedade, que na época não aceitava pessoas diferentes, com algum tipo de deficiência.
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